Este projeto apresenta uma ação cultural, proposta como encerramento do curso “Movimento Espaço Leitura”, da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, e realizada na E. E. Dr. Francisco Tozzi, de Águas de Lindoia – SP, pelos alunos do Grêmio Estudantil juntamente com a professora da Sala de Leitura, Luciana Maria Piva, e a vice-diretora, Regina Aparecida Pelatieri Goulart. A ação cultural, descrita por este projeto objetivou, principalmente, trazer para a sala de leitura da escola um público que não costuma frequentá-la, entre alunos, gestores, docentes e funcionários. Após a ação foi feita uma breve pesquisa de opinião com todas as pessoas que assistiram à ação.
Palavras-chave: Sala de Leitura; Ação Cultural; Movimento Espaço Leitura.
No atual mundo globalizado, a base é a informação, e ocorre um excesso descontrolado da mesma; encontram-se todos os tipos de informações, as quais muitas são meramente informativas e outras superficiais, fragmentadas, caóticas, excessivas, chegando ao leitor de forma imediata, porém, desfragmentada, desestruturada e incompleta.
Neste ponto, encontram-se indivíduos que buscam, pesquisam, recuperam, produzem e criam novos conhecimentos, sendo assim, é necessário que as salas de leitura / bibliotecas exerçam sua real função, quanto ao incentivo à leitura, favorecendo o desenvolvimento de novas atividades nesta sociedade globalizada.
Sendo assim, a leitura deve fazer parte da vida de um ser humano que vive em uma sociedade grafocêntrica e participar do seu cotidiano, porque quem lê e se mantém informado adquire conhecimentos para ter um futuro digno de capacidades e se tornar um cidadão culto e sabedor.
Entre as atividades que visam a aproximar as salas de leitura / bibliotecas da população / comunidade escolar podem distinguir-se as ações culturais a fim de promover a leitura.
A democratização dos saberes e a aquisição plena das competências leitora e escritora são fundamentais aos estudantes de todas as unidades escolares, na luta por melhores condições de vida e na busca pela sua identidade cultural e valorização pessoal. Entendendo esse imperativo, a Sala de Leitura “Profª Eunice Mani Lemos Quaglia”, da E. E. Dr. Francisco Tozzi, procura incentivar os jovens alunos, que frequentam seu ambiente, assim como a comunidade envolvida com eles, a estarem sempre lendo, pesquisando e participando das atividades pedagógicas, debatendo temas atuais de interesse à construção da verdadeira cidadania, tendo contato com os mais diversos gêneros literários. O projeto se justifica em função de trazer, para o ambiente de leitura escolar, os alunos que não têm o costume de frequentar a Sala de Leitura.
Sensibilizar toda a comunidade escolar em relação à importância da leitura e da Sala de Leitura na escola;
Trazer para a Sala de Leitura os componentes da comunidade escolar que não costumam frequentá-la;
Despertar a sensibilidade dos participantes da ação cultural em relação à importância do conhecimento adquirido pela leitura.
A partir da proposição do fechamento do Curso “Movimento Espaço Leitura”, foram feitas as seguintes ações na E. E. Dr. Francisco Tozzi:
Reunião com os alunos do Grêmio Estudantil, no dia 21 de novembro de 2017, para explicação sobre o supracitado Curso, sobre a importância da Sala de Leitura na escola e sobre uma ação cultural que seria feita por eles, a qual atingiria toda a comunidade escolar;
Nova reunião com os alunos do Grêmio Estudantil no dia seguinte, 22 de novembro, para combinar sobre que tipo de ação seria realizado. Os alunos decidiram que a ação seria feita dentro da própria Sala de Leitura e que a figura da contadora de histórias da ficção, Sherazade, seria a condutora da ação cultural;
A Sala de Leitura foi preparada para a ação cultural nas tardes dos dias 27 e 28 de novembro, pelos alunos do Grêmio Estudantil, juntamente com a professora da sala (dia 27) e com a vice-diretora (dia 28);
No dia 29 de novembro, ocorreu a ação cultural na Sala de Leitura: alunos, membros da gestão, funcionários da escola e professores eram convidados para, em grupo, adentrar a “tenda de Sherazade”. Acomodados em tapetes e almofadas, cada grupo ouviu o seguinte texto (confeccionado pelos alunos gremistas):
Odalisca (Ariane, aluna do 2º ano A, integrante do Grêmio Estudantil):
As histórias de fadas sempre foram contadas pelas mães aos seus filhos e depois a seus netos. Ninguém sabe o quão velhas elas são ou quem as contou primeiro. Os netos de Noé podem tê-las ouvido na Arca, durante o Dilúvio. Heitor pode tê-las ouvido na Cidade de Tróia e é quase certo que Homero também as conheceu. Algumas delas podem ter surgido no Egito, no tempo de Moisés. Pessoas em países diferentes contam-nas de forma diferente, mas são sempre as mesmas histórias. As mudanças só são percebidas em matéria de usos e costumes, como o tipo de roupa usada, títulos e locais.
Sherazade (Giovana, aluna do 3º ano B, integrante do Grêmio Estudantil):
Meu nome é Sherazade, sou uma história viva… Afinal as histórias nunca morrem ou deixam de existir. A minha vida foi salva por histórias.
Há muitos e muitos anos, em uma época muito distante da nossa, havia um rei, Shariar, que sofreu tremendo desgosto. Por saber que havia sido traído por sua esposa, decidiu que se casaria cada noite com uma mulher e mandaria matá-la na manhã seguinte! Não havia mais quem quisesse casar com o tal rei. Tinham de buscar noivas em reinos distantes e estranhos, pois, as que conheciam a determinação do rei, sabiam de seu destino após a primeira noite! E assim aconteceu, causando tristeza e medo em todo o reino, durante três longos anos. Foram mais de mil noites! Porém, como nada é para sempre, uma esperança surgiu com o nome de Sherazade. Sim! Essa sou eu. Sempre fui astuta e bem instruída, conhecedora das artes e das letras, e tive a ideia de acabar com aquela barbárie! Ao meu marido, o rei, eu comecei a narrar histórias de aventuras de reis, de viagens fantásticas de heróis e de mistérios. Contava uma história após a outra, deixando meu marido maravilhado.
Sem que percebesse, o rei começou a viver cada dia esperando pelo momento de ouvir as histórias encantadoras narradas por mim. E eu contava, vivamente, histórias de amor, enigmas, dramas e aventuras, sempre deixando de contar a última parte, para que o rei não mandasse me matar. O rei se transformara em um homem bom e feliz por causa de minhas histórias.
Viram só? Elas, as histórias, salvaram a minha vida! E podem salvar a sua também! Permita-se sair dessa vida real, voar, navegar, conhecer mundos mágicos! Permita-se conhecer pessoas, costumes, comidas e cheiros! Experimente viajar, com a sua imaginação, em meio às palavras!
A Sala de Leitura de nossa escola está repleta de histórias! Com certeza, você encontrará uma, pelo menos, que fará você viajar...
Após a ação cultural, os grupos foram convidados a responder uma pesquisa de opinião no lado de fora da Sala de Leitura; vale ressaltar que 147 pessoas, que compõem a comunidade escolar, assistiram à ação cultural.
Pode-se constatar, através deste evento, embora o tempo tenha sido corrido, que a melhor ação cultural que pode haver dentro de uma escola, referente à Sala de Leitura ou a qualquer outro espaço ou tema, é aquela idealizada e realizada pelos alunos. Dos 147 componentes da comunidade escolar, os quais assistiram à ação, a totalidade, sem exceções, gostou. Vale dizer também que, certamente, esta primeira ação abriu precedentes para que outras, mais bem elaboradas, interativas e maiores (que envolvam a comunidade em torno da escola e familiares dos alunos) venham a acontecer no ano de 2018.